Segundo um estudo realizado sobre o perfil de saúde de homens privados de liberdade num sistema prisional do Rio de Janeiro, a depressão e tristeza profunda foi um dos 5 sintomas mais reportados pelos indivíduos em estudo, com incidência de 56,6%. Segundo outro estudo realizado numa prisão suíça, 44,3% dos reclusos apresentaram insónias persistentes, dos quais 49% não tinham sido utilizadores de substâncias (e, portanto, a insónia não podia ser atribuída a fenómenos de privação), tendo frequentemente as insónias sido um problema permanente e não apenas de adaptação no período inicial. A principal causa apontada para as insónias pelos indivíduos estudados foi a ansiedade relacionada com a reclusão. Outro artigo pelos mesmos autores tinha concluído que os prisioneiros em Génova (Suíça) tomavam cerca de dez vezes mais hipnóticos e ansiolíticos do que população em liberdade frequentadora de uma clínica médica na mesma região, e esta diferença persistia quando a comparação era limitada a pacientes sem histórico de má utilização de substâncias. Um estudo realizado na Nova Zelândia concluiu que, tal como nos outros estudos apresentados, existia uma elevada desproporcionalidade de prevalência de doenças mentais na população prisional relativamente ao resto da comunidade, principalmente no que toca a abuso de substâncias, distúrbios psicóticos, depressão grave, doença bipolar, distúrbio obsessivo-compulsivo e stress pós-traumático. Mais agravante ainda era o facto de, segundo o mesmo estudo, apenas 46,4% dos reclusos com depressão e 37% dos reclusos com surtos psicóticos estarem a receber tratamento psiquiátrico. Um estudo realizado na Etiópia concluiu também que a presença de depressões era mais frequente em reclusos com filhos, com outros problemas de saúde e reclusos com penas superiores a um ano. O efeito do sistema prisional tradicional na saúde mental dos reclusos é um fenómeno estudado à escala global e não pode ser negado.
Dado este enquadramento verificamos a necessidade de intervenção do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica nos Estabelecimentos Prisionais. Temos, também, a noção da necessidade da reflexão do direito a cuidados de saúde, do direito à recusa dos cuidados de saúde e sua acessibilidade. Pretendemos com este webinar refletir sobre a intervenção dos enfermeiros neste contexto profissional, conhecendo ainda os constrangimentos com que se deparam e s estratégias de os ultrapassar.
Programa:
- Enquadramento jurídico da perspetiva de direitos e deveres do recluso e contexto de EP
- Perspetiva de intervenção do enfermeiro especialista
Local: Webex
Início: Dia 30 de Março, às 21h30
Limite de inscrição: Dia 30 de Março, às 12h30
Preço: Gratuito
Duração: 2h
Notas:
- Receberá o link para aceder ao evento no email que consta no Balcão Único na sua área pessoal até 1h antes do início do webinar;
- Necessita assistir, no mínimo, a 50% do total de horas do webinar para obtenção do Certificado de Presença e atribuição dos respetivos CDP’s;